Fonte:
Instituto Chico Xavier

"Nada há encoberto que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido" - Jesus (Mateus, 10:26).

Com esta pesquisa pretendemos fornecer algumas referências e subsídios sobre o assunto, que acreditamos serem úteis para novas pesquisas sobre o tema-título, ficando a critério de cada um ler, estudar, aprofundar e incorporar pela razão a aceitação ou não da existência real dos chamados espíritos elementais.

1. Na Codificação - Obras Básicas O termo "elemental" não existe, nesta forma e com este nome especifico, dentro da Codificação Kardequiana. Assim como, também, muitos termos não foram usados nas Obras Básicas, mas que com o tempo foram sendo revelados e utilizados pelos Espíritos em obras complementares e incorporados ao vocabulário espírita corrente, termos como: "ovóides", "umbral", "vampi­rismo", "colônias espirituais", "zoantropia", "licantropia", "aura", etc.

O termo em si não existia, mas a ideia sim, porém com outros nomes, o que é o mais importante. Como dizem os Espíritos: "As palavras pouco importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entender-vos" ("O Livro dos Es­píritos" (LE), questão 28).

Ou ainda: "estais sempre inclinados a tomar as palavras na sua significação literal" (LE, q. 54). Todavia, o termo "elemental" pode ser encontrado e citado por outros autores espíritas.

O termo em si (elemental) é muito utilizado pela Teosofia, doutrina fundada pela russa Helena Blavatsky. Mas a idéia de que existem Espíritos, que obedecendo à chamada Lei de Progresso num estado contínuo de evolução, saindo do reino animal e ainda não tendo chegado ao reino hominal, estão num estado intermediário, chamado "elemental" ou "período ante-humano”, ou "estágio subumano”, pode ser encontrada no Espiritismo, não possuindo nenhuma conotação de cunho místico, ligado ao ocultismo, ou similares. Na verdade eles são os "espíritos servi­dores da natureza”, os executores dos fenômenos naturais. Ou ainda, são os "espíritos dos elementos da natureza”, que é de onde deriva o termo elemental.

Na questão 25, do LE, assevera Kardec: "Os Espíritos (..) constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo”. Nas questões de 536 a 540 do LE ("Ação dos Espíritos nos fenômenos da Natureza”), os Espíritos que ditaram as respostas às perguntas de Allan Kardec, falam da existência de Espíritos que presidem (ou não) os fenômenos da Natureza, dizendo que não são seres à parte da criação. Esses Espíritos podem ser superiores ou inferiores.

Uns mandam (os superiores) e outros executam (os inferiores): "Primeiramente executam. Mais tarde quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvol­vimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo moral" (q. 540, LE). N a "Revista Espírita”, editada por Allan Kardec, março de 1860, tradução da Edicel, pg. 98, há uma comunicação espontânea de um Espírito, que assina como Hettani, o gênio das flores, que diz presidir a formação das mesmas e que, segundo ele, ainda não havia encarnado. Após a comunicação, Kardec questiona ao Espírito São Luís, um dos Espíritos que, junto com Santo Agostinho e outros, responderam às muitas questões das obras da Codificação, sobre a veracidade desta comunicação. Parte do diálogo:

1 - (São Luís) "(. . .) - Não deveis duvidar de que o Espírito, por toda a Criação, preside ao trabalho que Deus lhe confia. (. . .)
2 - O Espírito [comunicante] não preside, de maneira particular, à formação das flores. O Espírito ele­mentar, antes de passar à série animal, dirige sua ação fluídica para a criação vegetal. (...) Não age senão sob a direção de inteligências mais elevadas (..). Foi um desses que se comunicou [executor] (. . .).
5 - P. - Este Espírito que nos falou esteve encarnado? R. - Esteve.” Como vemos, São Luís não usa o termo "elemental", mas sim "elementar".

Mas, a idéia é a mesma: Espíritos que atuam sobre os elementos da Natureza, orientados por outros Espíritos supe­riores a eles. Em "Obras Póstumas”,na parte, § 3°, "Criação”, n° 18, Kardec confirma: "Os Espíritos são os agentes da potência divina; constituem a força inteligente da Natureza e concorrem para a execução dos desígnios do Criador (..)”. Encontramos também no LE, no capo XI, "Dos Três Reinos”, subcapítulo "Os Animais e os Homens”, questões de 592 a 610, importantes considerações sobre o processo evolutivo envolvendo os diversos reinos da Natureza. Existe uma Lei de Progresso que rege todo o desenvolvimento do ser es­piritual em contato com a matéria. Vejamos: "604 - (. . .) Deus criou seres intelectuais perpetua­mente destinados à inferio­ridade (...)?

R: Tudo em a Natureza se encadeia por elos que ainda não podeis apreender. (. . .) na Natureza tudo se harmoniza mediante lei gerais (. . .)" Vemos ainda em "A Gê­nese", cap. 6, item 19: "O Espírito não chega a receber a iluminação divina (. ..) sem haver passado pela série divi­namente fatal dos seres infe­riores, entre os quais se ela­bora lentamente a obra da sua individualização". E ainda no cap.11, item 23, discorre:
"(...) o princípio inteli­gente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelo diversos graus da anima­lidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. (...) Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal. (...) Por haver passado pela fileira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem”.

2. Nas Obras Complementares Na obra "Evolução em dois Mundos”, de André Luiz, FEB, 2a parte, capo XVIII, pg. 212, encontramos: "P. - Ainda, na atualidade, os Ins­trutores Espirituais intervêm na melhoria das formas evolutivas inferiores nas quais o princípio inteligente estagia? R. Sim, porque todos os campos da Natureza contam com agentes da Sabe­doria Divina para a formação e expansão dos valores evolutivos". Vemos um exemplo desses Espíritos que executam, conforme citado ante­riormente no item das Obras Básicas, no livro "Nosso Lar", de André Luiz, que transcreveremos em parte. André Luiz se encontrava em seu lar terreno, um ano após sua estadia na colônia espiritual "N osso Lar".

Queria ajudar Ernesto que se achava enfermo. Mentalmente chamou Narcisa, enfermeira de Nosso Lar. Esta, vindo a seu encontro, disse: 'Vamos à Natureza!' (...) Che­gando ao local (. . .) Narcisa chamou alguém, com expressões que eu não podia compreender.

Daí a momentos, oito enti­dades atendiam-lhe ao apelo. Imensamente surpreendido, vi-a indagar da existência de mangueiras e eucaliptos. Devidamente informada pelos amigos, que me eram totalmente estranhos, a enfermeira ex­plicou: '- São servidores comuns do reino vegetal, os irmãos que nos atenderam . " Vemos pela narrativa que estes espí­ritos da Natureza não eram superiores, nem espíritos humanos, pois André Luiz os teria reconhecido. Entretanto afirmou que lhe "eram totalmente estranhos" e que Narcisa os chamou "com expressões que eu não podia compreender". Mas, define essas entidades como "servidores do reino vegetal”. Em outra obra, "Liber­tação”, p. 60, Ed. FEB, André Luiz nos fala mais dessas entidades agora situadas em zona bem inferior do mundo espiritual:

"Estamos numa colônia purgatorial de vasta expressão. Quem não cumpre aqui dolorosa penitência regenerativa, pode ser considerada inteligência subu­mana. Milhares de criaturas, utilizadas nos serviços mais rudes da natureza, movimentam-se nestes sítios em posição infraterrestre. A ignorância, por ora, não lhes confere a glória da responsabilidade. Em desenvolvimento de tendências dignas, candidatam-se à humanidade que conhe­cemos na Crosta. Situam-se entre o raciocínio fragmentário do macacóide e a idéia simples do homem primitivo da floresta" .

O escritor espírita, Herculano Pires, no livro "O Centro Espírita", p. 105, Ed. LAKE, nos traz as seguintes considerações sobre o assunto: "Porque o mundo não é um objeto físico e mecânico, mas um ato de cons­ciência. Suas leis essenciais não são as das matérias, mas as leis morais e es­pirituais.

Os filósofos gregos sabiam disso, e quando Tales se referia aos deuses que enchiam o mundo em todas as suas di­mensões, afirmava o princípio espírita de que a estrutura planetária, em seus mínimos detalhes, é controlada pelos Espíritos incumbidos da manutenção da Terra, desde os simples elementais (ainda em evolução para a condição humana) até os espíritos superiores, próximos da angelitude, que supervisionam e orientam as atividades telúricas".

Ainda Herculano Pires em outra obra, "Vampirismo", Ed. Paidéia, 1987, pg. 14/15, confirma: "Cada plano da Natureza tem suas exigências especificas, que precisamos respeitar. Existem também os Espíritos da Natureza, que trabalham no plano físico. Essas entidades semimateriais, de corpos perispiríticos, estão em ascensão evolutiva para o plano hominal. São os chamados elementares da concepção teosófica, derivada das doutrinas espi­ritualistas da Índia. As funções dessas entidades na Natureza são de grande responsabilidade”.

Herculano aqui já utiliza o mesmo termo (elementar) também usado anterior­mente pelo espírito São Luís, mas fazendo referência ao mesmo elemental da concepção teosófica. Encontramos ainda no livro, "Atua­lidade do Pensamento Espírita”, pelo Espírito Vianna de Carvalho, psicografia do médium Divaldo Pereira Franco, pergunta de número 63: "

P: O Espiritismo ensina que os Es­píritos governam o clima da Terra utili­zando para isso entidades - os elementais da Teosófica -, os quais, segundo algumas fontes, habitam os bosques, os campos naturais e as florestas virgens. Haverá alguma relação entre desmatamento, seca e elementais? Em caso afirmativo, aonde vão esses Espíritos quando se dá o desmatamento?
R: Todo desrespeito à vida é crime que se comete contra si mesmo. Aquele que é direcionado à Natureza constitui um gravame terrível, que se transforma em motivo de sofrimento, enfermidade e angústia, para quantos se levantam para destruir, particularmente dominados pela perversidade, pelo egoísmo, pelo vandalismo, pelos interesses pecuniários ... Naturalmente, essas entidades, que são orientadas pelos Espíritos Superiores, como ainda não dispõem de discerni­mento, porque não adquiriram a fa­culdade de pensar, são encaminhadas a outras experiências evolutivas, de forma que não se lhes interrompa o processo de desenvolvimento”.

Encontramos ainda oportuna entre­vista fornecida pelo médium e expositor espírita Divaldo Franco à "Revista Es­pírita Allan Kardec”, do Estado de Goiás, ano V, n° 17, agosto a outubro/92, pg. 08/09. Este exemplar traz ainda extensa reportagem sobre o assunto e que pode ser encontrada na página da Internet da revista. Vejamos apenas algumas per­guntas e respostas: "P. Divaldo, existem os chamados Espíritos elementais ou Espíritos da Natureza? R. Sim, existem os Espíritos que contribuem em favor do desenvol­vimento dos recursos da Natureza. Em todas as épocas eles foram conhecidos, identificando-se através de nomenclatura variada, fazendo parte da mitologia dos povos, alguns deles, "deuses”, que se faziam temer ou amar.

P. Qual o estágio evolutivo desses Espíritos?
R. Alguns são de elevada cate­goria e comandam os menos evoluídos, que se lhes submetem docilmente, la­borando em favor do progresso pessoal e geral, na condição de auxiliares daqueles que presidem aos fenômenos da Natureza.

P. Esses Espíritos apresentam-se com forma definidas, como por exemplo fadas, duendes, gnomos, silfos, elfos, sátiros, etc?
R. Alguns deles, senão a grande maioria dos menos evoluídos, que ainda não tiveram reencarnações na Terra, apresentam-se, não raro, com formas especiais, de pequena dimensão, o que deu origem aos diversos nomes nas socie­dades mitológicas do passado. Acredi­tamos, pessoalmente, por experiências mediúnicas, que alguns vivem o período intermediário entre as formas primitivas e hominais, preparando-se para futuras reencarnações humanas.

P. Que tarefas executam?
R. Inume­ráveis. Protegem os vegetais, os animais, os homens. Contribuem para acontecimentos diversos: tempestades, chuvas, maremotos, terremotos ... Interferindo nos fenômenos "normais" da Natureza sob o comando dos Engenheiros Espirituais que operam em nome de Deus que "não exerce ação direta sob a matéria ...” (q. 536b do LE).

Vemos, pelos depoimentos acima, as referências que pudemos colher sobre esses seres ainda pouco estudados e muito desconhecidos. Uma pesquisa mais detalhada poderá, posteriormente, fazer surgir maiores informações e escla­recimentos sobre o tema, que pode e deve ser mais aprofundado revelando, assim, um conhecimento maior sobre o mundo espiritual ao nosso redor e a imensa criação divina. Ficamos, por enquanto, por aqui.

Por: João Luiz Romão
Revista Internacional de Espiritismo - Abril de 2004